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Eu preciso ser gente


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Nascido de um ventre preto

Sou sobrevivente

De uma nação carente

Fui dito e lido como subserviente

Minha pele é o que fica aparente

Na conjuntura racista permanente

Do seu país que me açoita

Mata

E persegue a minha gente

Já na infância a criança negra entende

Sem boné, não corre na rua e se mostre sempre decente

Anda direito, estuda e seja melhor que qualquer outro vivente

Mesmo que isso desregule a sua mente

Da responsabilidade que, ainda, em tenra idade

Precisa se mostrar firme (não há quem aguente)

Na adolescência vai namorar? Nem pense

O amor não é pra você, seja apenas o amigo presente

Se é bicha preta então, nem invente

Se esconda, finja e esteja contente

Quando adulto, ache o seu destino

Trabalhe, baixe a cabeça e não se abale

Você é uma máquina, homem preto, desde a escravidão (ela acabou?) A sua palavra é resistente.

Serve pra tudo e pra todos, menos pra você, sabe por quê?

É a lógica do capital, onde quem tem a cor mais clara é paga pra vê

O sofrimento alheio do povo preto que a branquitude quer esquecer

E se você quebra o algoritmo e entra em outro espaço, tá pensando o quê?

A culpa do sistema aparece e te diz "você não é bem vindo aqui, pretinho, vai se fudê "

Vergonha insistente

Cabeça baixa, impotente

Dignidade inexistente

Quando na real, eu só queria poder por uma vez dizer em alto e bom tom

"Eu preciso ser gente."

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