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A culpa que não é minha


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Faz alguns dias, que em mais um desses grupos de whats conversava com algumas amigas sobre a impossibilidade de comparecer a um aniversário. A festa, em ocasião, era de uma outra grande amiga que havia decidido comemorar mais um ano de vida ao domingo.

Bom, para todos que me conhecem, sabem que domingo, para mim, é um dia sagrado. Eu, muito dificilmente, saio nesse dia de casa. Não adianta. É algo quase mais forte do que eu. Gosto mesmo de usar esse primeiro dia da semana (que na minha cabeça continua sendo o último) para poder descansar e organizar os meus pensamentos. Mas o foco da discussão aqui não é bem esse, embora ele tenha, sim, um ponto bastante central na minha posterior decisão.

Fora essa questão, a correria de final e ano e as mudanças que têm acontecido ajudaram muito para que eu tivesse decidido não ir à festa. Quem é professor me entende que estar em sala de aula todos os dias e se envolver com provas e trabalhos deixa a gente completamente impossibilitado de qualquer outra atividade. No entanto, essa era uma decisão minha e não tinha nenhuma relação com a opinião de minhas amigas, que ainda estavam na decisão de ir ou não à festa.

Em poucos minutos, ambos já estávamos em acordo que não rolaria. O problema surgiu apenas quando um de nós acreditou que a sua própria culpa de não ir à festa poderia ser distribuída para todos. Ou seja, uma culpa que não era minha estava sendo direcionada para mim. Eu, como um bom canceriano, estava quase caindo como um patinho e me deixando levar pela dor que, inicialmente, não fazia nem parte da minha vida.

É interessante perceber o quanto as pessoas, quando não conseguem lidar com as suas próprias culpas, começam a compartilhá-las com todos, muitas vezes com o intuito de tentar diluir aquilo que estão sentindo, fazendo com que o seu sentimento seja menor ou até mesmo validado por outros, ao escutarem "ah, mas tá tudo bem. Tu não precisa ficar dessa forma" como uma maneira de acalento. E isso acontece em tudo quanto é tipo de ocasião, seja nas mais simples ou nas mais complicadas.

Geralmente, as pessoas se sentem muito mais confortáveis quando percebem que o mesmo sentimento é dividido por mais pessoas, assim, aquilo que parecia ser ruim, fica mais suavizado e a consciência acaba ficando muito mais limpa. Eu mesmo, confesso, já tive momentos assim.

Contudo, nesse final de semana me comprometi a não permitir que aquele sentimento de culpa tomasse conta de mim. Eu já havia decidido que não iria ao aniversário e não precisaria me envergonhar de nada, nem muito menos permanecer me sentindo culpado. Acredito que pela primeira vez me sentia realmente um ser livre dos pensamentos que os outros poderiam ter e isso me causou uma ótima sensação. A gente precisa saber viver pelas nossas próprias demandas e aprender a não sentir uma culpa que não faz parte da gente. Quando entendermos que cada tem as suas necessidades individuais, vamos saber respeitar as nossas particularidades, sem que haja interferências externas, principalmente culpas.

 
 
 

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