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Descansar é preciso


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Mais ou menos nos meus 20 e poucos anos (e isso não faz lá muito tempo), tinha a total certeza de que minha energia jamais se findaria. Que toda aquela minha animação para me acordar às 5h da madrugada, passar as manhãs, e algumas tardes, na faculdade e depois ainda trabalhar até às 23h dando aula, seria a mesma por toda a minha vida. Tolice, obviamente, da juventude, que acredita saber de tudo e entender tudo (perdão aos mais jovens, mas agora já tenho um certo know how para dizer algo sobre isso.). Enfim, após alguns anos e muitas outras experiências, percebi que estava enganado, e cá estou aqui para dizer que descansar é mais do que preciso.

Compreender que o nosso corpo precisa relaxar de vez em quando, antes que ele mesmo lhe obrigue a parar, é um dos primeiros passos para atingir um nível elevado de sabedoria. Quem disse isso? Eu mesmo. Mas falando sério, não tem como mantermos o mesmo ritmo frenético o tempo todo, como se nosso corpo fosse feito de ferro (e veja bem, até mesmo o ferro enferruja). Aos poucos, ele vai dando alguns sinais de exaustão e nos dizendo que precisamos pisar o pé no freio. Podem ser dores de cabeça constantes, cansaço nos músculos, stress exagerado, irritação com absolutamente tudo e qualquer outro tipo de comportamento atípico, mostrando que nossa preocupação com ele precisa estar mais aguçada. Em alguns casos, a constância desses sintomas pode ser, inclusive, sinal de burnout, um mal causado pelo excesso de trabalho e atividades sem que o corpo consiga descansar.

Não sou um especialista nessas questões, até porque minha especialidade é a educação e a escrita, no entanto, posso, com toda certeza, falar um pouco sobre minha própria experiência com o burnout. Se pudesse resumir em poucas palavras, diria “Jamais quero passar por isso novamente”. O fato é que quando o temos, não percebemos logo no primeiro momento. A gente, de acordo com a vida corrida do dia a dia e com as demandas de uma sociedade capitalista, vai empurrando com a barriga as nossas necessidades mais básicas. As saídas ao ar livre vão diminuindo, pegar sol começa a se tornar raridade, fazer um exercício físico não é nem cogitado e praticar o “nadismo” (sim, porque fazer nada também é uma prática que deveria ser feita por todos) é execrado, sendo ele considerado o inimigo da produtividade. A questão é que nem sempre precisamos estar produzindo. Aliás, ser produtivo não deveria ser jamais nossa prioridade.

Todavia, sei que ao vivermos em uma sociedade que nos empurra para uma vida “produtiva”, é quase que natural que caiamos nessa armadilha, de acreditarmos que somos aquilo que produzimos. Então, se em algum momento você se deparar com esse texto, saiba que o seu valor não se dá por aquilo que você produz ou faz. Seu valor se dá pelas suas virtudes, pelo quanto você se preocupa consigo e com o outro e pelas suas atitudes perante o mundo. Mas para que você possa estar vivo e bem para realizar tudo isso, mais uma vez, é preciso que o corpo possa descansar e saborear, pelo menos de vez em quando, apenas a sua própria existência.

 
 
 

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