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Quando foi que perdemos a mão?


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Lembro-me que ainda em minha adolescência, já tendo ciência das diferenças que existiam na organização social em nações distintas, me orgulhava muito de compreender que aqui no Brasil não existia, ou pelo menos não de forma tão explícita, terrorismo. Inclusive, saber que essas práticas não eram comuns para nós, me deixava bastante aliviado e tranquilo sobre as relações que se estabeleciam por aqui. No entanto, de alguma maneira, em algum momento desses últimos anos, simplesmente perdemos a mão do que é aceitável e compreensível para se viver em sociedade.

Que fique evidente a partir daqui que a afirmação anterior não vem de um pensamento delirante de alguém que acredita num passado glorioso brasileiro. Pelo contrário. Entendo o quanto nosso país sempre foi bastante hostil com as minorias, mulheres, pessoas pretas, LGBTQIA+ e tantos outros ainda marginalizados pela sociedade. O sentimento de pátria acolhedora geralmente está muito mais vinculado ao que vendemos para o exterior, através das nossas novelas e publicidade, com a ideia de um ambiente hospitaleiro, do que em nosso dia a dia. Apesar disso, violências nas escolas, como essas evidenciadas nos últimos dias, não faziam parte do roteiro de social do nosso país.

A questão é que essas atrocidades não surgiram do nada. Elas são o fruto de uma sociedade doente, incentivada por ações recentes de ódio ao sistema educativo, professores e a própria escola. Sabemos que o ambiente escolar é o local do saber, do conhecimento. É lá que os alunos poderão se formar, se informar e terão contato com pessoas, de fato, especialistas em suas áreas. Porém, como também é sabido, o conhecimento forma cidadãos conscientes, capazes de serem agentes da modificação social e críticos ferozes dos status quo em que vivemos, portanto, é nas instituições de ensino que poderemos ver as primeiras mudanças de um país mais ativo e que mantém a democracia nas mãos de quem ela deve realmente estar: do povo.

Por essas razões, os ataques que acontecem nesses ambientes são muito estratégicos. É uma mensagem direta a todos aqueles que defendem um local do saber, onde haja liberdade de pensamento e acolhida a todos. Para essas pessoas que estão arquitetando esses movimentos e angariando cada vez mais jovens para o ódio, é uma afronta que tenhamos nas escolas a premissa de que todos são bem-vindos e de que é possível termos a voz de cada um sendo ouvida. O que nós, dentro desse panorama podemos fazer é resistir e existir. Mostrar que, embora estejamos com medo, será com medo mesmo que continuaremos, mas lutando cada vez mais por uma educação libertadora e emancipadora e que possa fazer sentido para a construção de um Brasil melhor.


 
 
 

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