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A gente não precisa estar bem sempre


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E um dia a gente cresce e percebe que aqueles finais felizes dos longas-metragens da Disney, ou aquelas narrativas lindas dos filmes de comédia romântica nem sempre estarão presentes em nossas vidas, pautando um estado de euforia e emoção. Mas a verdade, é que não tem problema nenhum nisso. Até porque, a gente não precisa estar bem sempre.

Com estes últimos dias, de algumas notícias trágicas e a permanência deste estado de pavor que estamos vivendo, comecei a me dar conta disso cada vez mais. Como alguém puramente sensitivo, que consegue captar a energia do ambiente assim como uma esponja, fui absorvendo aos poucos essa sensação de medo, de raiva e tristeza que paira em todos os ambientes. As notícias que recebemos de vários grupos de whatsapp são, muitas vezes, desanimadoras. Colegas perdendo seus entes queridos, amigos preocupados com seus pais e tantos outros sofrendo de transtornos diversos, como ansiedade e depressão. Para se somar a isso tudo, ainda temos os nossos próprios problemas e preocupações, que constantemente estão a bater na porta da nossa vida, nos lembrando que também somos humanos e, sim, sofremos. E não há problema nenhum em sofrer.

E por que digo isso? Porque, por algum motivo, desde pequenos somos ensinados a buscar a felicidade como uma meta diária, como uma forma de nos realizarmos dia após dia através de nossas conquistas. Esta prática torna-se rotineira e, quando não atingimos aquilo que supostamente nos tornará um pouco mais felizes, nos decepcionamos. E aí advém o problema. Aprendemos a conviver apenas com aquilo que nos satisfaz e esquecemos que aprender a suportar as dores e as tristezas também é necessário. Vemos, por exemplo, conhecidos e até mesmo desconhecidos em suas redes sociais celebrando uma viagem, a conquista de algum bem material, os seus corpos esculturais e suas relações perfeitas e nos culpamos por não estarmos felizes na mesma proporção. Acreditamos que, assim como nos filmes, precisamos atingir o ápice da vida pessoal e profissional até um determinado ponto de nossa vida e, caso isso não tenha acontecido, não conseguimos lidar com as nossas próprias frustrações.

Em um dos meus dias de terapia, comentei com minha psicóloga o quanto isso me incomodava e como este momento atual, com as inúmeras notícias ruins que nos rondam, têm me afetado bastante. Disse a ela que me incomoda não estar feliz e que o estado de tristeza me deixa muito inquieto. Embora eu saiba que é importante termos todos os tipos de sentimentos por uma questão de equilíbrio, é impressionante como nos forçamos a um comportamento, a ter unicamente uma emoção, ficando até mesmo perdidos quando ela não está presente em nós. Ao final, afirmei saber que talvez aquele sentimento estivesse mais presente na minha vida naquela semana, e que estava tudo bem, até porque as semanas passariam e, certamente, outras sensações eu teria, assim como experiências, me proporcionando outros tipos de sentimentos.

Sêneca, filósofo romano já dizia que “Toda a felicidade é incerta e instável.” acreditando que na vida precisamos ser mais resilientes, menos emocionalmente reativos e mais conscientes do vai e vem ao qual estamos diariamente submetidos. Talvez, o que falte mais para nós seja exatamente isso. Um pouco mais de autoconhecimento sobre nossas limitações enquanto seres humanos e muito menos romantização da vida pelos filmes que assistimos.

 
 
 

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