A responsabilidade que todos temos

Todo mundo já ouviu falar, em algum momento, aquela frase bem popular "Eu sou responsável pelo que eu digo, não pelo que você entende" e a utilizam de forma bastante leviana. Na sequência, vou explicar o porquê não concordo com a maneira como ela é usada.

A gente vive numa sociedade. Fato. Por vivermos em um coletivo, ou pelo menos deveríamos ter a noção de que fazemos parte de um, precisamos entender que nossas atitudes podem, em alguma hora, afetar a existência do outro. Esse outro não necessariamente precisa ser alguém que está tão próximo de mim, ou que se relacione comigo, mas pode, por ventura, ser afetado pelo que digo ou pelo que faço. Vamos a um exemplo. Eu sou professor de muitas pessoas. A cada turma que entro, pelo menos 20 pessoas serão afetadas pelo que falo em sala de aula. Se estas mesmas 20 replicarem minhas falas para outras pessoas fora daquele ambiente, já serão mais pessoas envolvidas na história. Pessoas essas que, vejam bem, eu não tenho contato algum. Bom, acredito que por aqui vocês já tenham entendido o meu propósito.

A questão é que não há possibilidade de haver uma neutralidade naquilo que falamos para os outros e, por isso, somos responsáveis pelo que eles entenderam, afinal, toda fala tem uma intencionalidade. A comunicação não se faz de forma isolada, ou unilateral. É preciso que ela seja feita entre os pares, em conjunto. E negar isso, é como se quiséssemos interromper um ciclo de vários elementos linguísticos muito estudados, inclusive, pelos cursos de letras e comunicação de várias universidades. A gente não pode se abster de ter responsabilidade pela nossa fala apenas porque vivemos uma tendência de desapego pelas reações do próximo. O que é preciso ser feito é envolver -se mais com a forma como comunicamos aquilo que queremos e pouco menos com o conteúdo em si.

Ser honesto e responsável pelo que explanamos, procurando ser claros e objetivos, seriam as principais atitudes que deveríamos tomar diante de qualquer situação. Com isso, é preciso que compreendamos que não há comunicação eficiente sem respeito com o entendimento do próximo.