A vida tá cara. Mas para quem?
- gustavorodrigues937
- 4 de abr. de 2022
- 2 min de leitura

Esse final de semana, logo que saí do supermercado, enquanto estava com as sacolas nas mãos tive vontade de chorar. Foi a primeira vez que isso me aconteceu, porque mesmo obtendo a mesma quantidade dos meses anteriores, gastei um valor muito maior do que gastava antes. Não está certo. Aí eu fico pensando, se para quem tem emprego e ganha um salário razoável a conta está cara, imagina para quem não tem nada.
Falo isso porque logo que cheguei em casa, enquanto ainda tirava as compras do carro, uma senhora, de mais ou menos 50 anos, estava mexendo no lixo do meu prédio. Acredito que ela estava tirando materiais para reciclar, ato que muitos por essas bandas daqui fazem. Há duas questões aqui importantes e que deveriam ser pontuadas: Primeira e mais importante sobre a necessidade que essa mulher tem de conseguir o seu sustento através do lixo dos outros, algo desumano e totalmente insalubre. E segundo, e com certeza menos relevante, sobre a vergonha que me passou lembrando-me da minha reação ao ver o preço das minhas compras. Elas estavam caras para mim? Sim, mas não inacessíveis. E, por mais que a gente insista em fechar nossos olhos pra essa realidade, há uma boa parcela da população brasileira cujo acesso ao mais básico e necessário é negado. Fiquei imaginando que se a conta, para quem tem o mínimo de condições de sobrevivência, está um absurdo, para os que não fazem parte desse grupo não há nem a possibilidade do espanto pela discrepância.
Estamos pagando (e valores muito elevados) por uma política genocida de um governo que não se preocupa com a sua população. Há um bom tempo fomos deixados de lado, pois, pelo que conseguimos perceber, as articulações atuais são apenas voltadas para o empresariado brasileiro. A fome, por exemplo, que não fazia mais parte do mapa do Brasil, voltou com tudo e já faz parte do nosso cotidiano. Nossas vidas, de quem paga os impostos e sustenta esse país com o suor do seu trabalho, não valem mais nada, mas os produtos que precisamos para poder sobreviver valem muito mais do que conseguimos manter. E, pelo menos a mim, incomoda muito mais perceber que há muitas mesas de família onde a comida já está faltando.
Eu não sei ainda o que futuro nos espera. Do presente eu só consigo ver tristeza e vazio. Vazio nas casas e nos pratos brasileiros. Mas acredito, como alguém muito esperançoso, que ainda é possível mudar essa situação. No entanto, é preciso que a gente comece a compreender melhor as escolhas que fazemos democraticamente, a fim de que todos, sem exceção, possam ser beneficiados.




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