Faça terapia

Descobrir-se vulnerável e saber que isso é perfeitamente normal é o primeiro passo para nos aceitarmos, entendermos um pouco mais quem somos e, principalmente, começarmos a amar nossa própria trajetória. E, no auge dos meus 30 e poucos anos, só consegui compreender tudo isso através da terapia.

Assim como alguns, tive durante muito tempo preconceito em relação a essa prática e, confesso, não lidava muito bem com a ideia de como uma pessoa que não me conhecia poderia me auxiliar em aspectos tão íntimos e privados. A maturidade me trouxe lucidez e sabedoria necessárias para que assim eu pudesse entender o quão errado eu estava. Para além disso, até uma certa idade, acreditava que a terapia servia apenas para pessoas que já estavam com grandes problemas psicológicos e precisavam realmente de ajuda ou para as pessoas que não conseguiam de forma alguma resolver suas próprias questões. Ainda bem que a minha idade das trevas já passou.

O ano de 2020 veio para me ensinar isso e uma infinidade de coisas, e uma delas é sobre entender a importância de me conhecer, saber os meus limites e também respeitar aquilo que eu, até então, não compreendia. Neste combo adiciono com certeza o trabalho realizado pelos incríveis psicólogos. Durante o ano que passou, me rendi de corpo e alma e me permiti, através da terapia, a uma diversidade de aprendizagens que gostaria de dividir com vocês. Espero que sejam úteis:

· Aprendi que a dor e a tristeza são sentimentos perfeitamente comuns e que é preciso, sobretudo, senti-las quando for importante. Elas nos servem como lições e termômetros para que assim saibamos quais serão nossas próximas ações. Então sempre fiquem atentos;

· Aprendi que posso e devo escutar as outras pessoas, mas sem que isso interfira no que sou e no que penso. Afinal, é importante que saibamos dar escuta aos nossos sentimentos para que possamos valorizar a nossa caminhada;

· Aprendi também o quão é importante a observação de nossas conquistas prévias, assim, quando falhamos em algo, evitamos maximizar aquele erro, lembrando de onde viemos e o que já adquirimos até aqui.

Contudo, não podemos pensar que a terapia nos serve apenas como fonte utilitária, ou seja, ela não nos dirá passo a passo o que devemos fazer para resolver problemas ou conseguir algo. Ela nos ajudará e, sobretudo, nos guiará num encontro com o nosso próprio eu, tentando nos fornecer condições necessárias para nos entendermos e aceitarmos que somos seres humanos, que acertamos e erramos, mas que estamos aqui, principalmente, para nos conhecer e aprender.