Na capa da gaita

Final de ano e a única coisa que consigo pensar é "como cheguei até aqui?". Tenho certeza de que este questionamento fez, ou ainda faz, parte do pensamento de muito brasileiros. Então se você está nos últimos risquinhos da bateria, assim como eu, há um motivo grande para isso e dividimos essa mesma dor.

Estes dias, vi que o também autor Jeferson Tenório escreveu um texto com um título trazendo um trecho de uma música muito famosa, que é mais ou menos assim "e já é Natal, e o que você fez...". Pois é, vem ano e passa ano e essa pergunta sempre martela na minha cabeça. Mas em 2021 talvez essa indagação tenha vindo mais forte. Foram tantas coisas, tantos eventos em um único ano que fica difícil mensurar o seu peso. Na verdade, a própria sensação de que 2021 se fundiu à 2020 nos deu essa sensação de algo inacabado e exaustivo.

Então, o que eu fiz? O que você fez? Gente, fizemos muitas coisas. Tivemos que aguentar uma pandemia inteira, vimos uma quantidade enorme de pessoas sendo levadas por essa doença. Muitas delas, nossos familiares ou ídolos de um país. Tivemos que nos reestruturar psicologicamente e ainda estamos resgatando um ou outro pedaço nosso espalhado pelo chão. Além disso, tivemos que aguentar, especialmente aqui no Brasil, uma crise sanitária, econômica e o negacionismo (vocês conseguem compreender o tamanho da "bronca" que carregamos?). Não foram poucas coisas.

A esperança é que neste próximo ano que está aportando, possamos ter um certo descanso. Um descanso da tristeza, da agonia e da ansiedade. Que 2022 possa ser mais generoso conosco e que não nos deixe tão cansados. De outra forma, acabaremos, mais um ano, para lá da capa da gaita.

P.S. Já deixo aqui para todos os meus votos de um próspero ano novo e que possamos ser mais felizes neste ciclo que se inicia.