Quando o impostor vive em você

Tem dias que simplesmente não dá. A mente não obedece às suas vontades e a sensação de que você está fazendo as coisas de forma errada afeta tudo, principalmente a sua capacidade de discernir entre você ser uma farsa ou, apenas, estar passando por uma fase ruim. Essa é a chamada síndrome do impostor. Sejam bem-vindos à minha vida.

É incrível como estar bem consigo mesmo e confiante nas suas próprias habilidades pode provocar na gente um esforço gigantesco. É exaustivo, porque por vezes parece que essa luta nunca tem fim, e talvez não tenha mesmo. Em um dia eu posso fazer tudo, ser bem resolvido naquilo que quero e acreditar que o mundo me trará o que eu preciso para ser feliz. No outro, por uma questão de instantes, nos sentimos incapazes de agir diante de qualquer coisa, inclusive sobre o que temos uma grande expertise. Chegamos a duvidar de quem somos e de onde viemos e nos resta apenas esperar que essa sensação se dissipe.

A síndrome de impostor aparece quando a gente menos espera. Pode ser ao abrir uma foto de algum amigo que consideramos bem sucedido (fazendo aquela comparação inútil e sem sentido), numa conversa meio atravessada com alguém que admiramos, ou até mesmo porque, do nada, não confiamos mais em nosso próprio “taco”. É claro que viver em uma sociedade competitiva e exigente não nos ajuda. Estamos sempre, aos olhos dos outros, atrasados e precisando de aperfeiçoamento, e isso nos afeta, pois atinge o nosso ego, já tão frágil e pouco resistente.

Não é fácil estar em dias assim. Parece que nada funciona, a ansiedade grita em nossos ouvidos e o coração fica apertado, apenas esperando que aquela sensação acabe. Até porque tudo tem uma hora para acabar, inclusive o sofrimento. O remédio, na maior parte das vezes, é esperar que no próximo dia as coisas estejam melhores. O lado bom é saber que como uma pessoa já bastante experiente neste quesito, posso afirmar que elas melhoram, porque não há nada que o tempo não cure.