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Que tempo bom!


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Não sei dizer exatamente se foi este período atípico pelo qual estamos passando, e que tem nos proporcionado algumas reflexões mais profundas acerca da vida, ou se a própria idade batendo em minha porta, mas a verdade é que nestes últimos tempos tenho pensado bastante em uma palavrinha, cuja exclusividade da língua portuguesa me encanta, que exprime muito do sentimento cultivado em mim: a saudade. Sejamos nostálgicos agora e que possamos nos envolver pelas nossas mais doces lembranças.

Nestes dias me deparei lembrando de coisas que fizeram parte de minha infância e que foram de uma importância gigantesca para o que hoje eu sou. São coisas pequenas e talvez para alguns possam parecer até tolas, mas tão significativas que acabaram permanecendo em minha memória. Por exemplo, se tem algo que me ativa o sensor da alegria, é entrar em alguma padaria e sentir o cheirinho de pão quente saindo do forno, que me remete aos pães que minha mãe preparava toda semana em nossa casa. Com isso, vinham também as tardes livres com meus irmãos, sempre tão prazerosas e regadas a jogos, brincadeiras e mingau de chocolate preparado por um de nós. Em uma das últimas reuniões escolares, ao colocar a máscara recebida pela instituição, através do cheirinho de tecido novo fui automaticamente transportado para o início das aulas, quando pela primeira vez vestia o uniforme do colégio. E é claro, como uma típica criança que cresceu em meio aos anos 90, não tenho como esquecer das músicas, coreografias e dos muitos estilos que foram criados durante aquela época, hoje podendo ser criticados como bregas ou inapropriados para menores de idade.

Mário Quintana, um dos nossos maiores escritores, já dizia que “A recordação é uma cadeira de balanço embalando sozinha”. Isso porque cada um, dentro das suas experiências de vida, criarão suas próprias recordações e elas serão responsáveis pelas saudades que serão geradas. Eu, por exemplo, posso ter lembranças maravilhosas de uma infância extremamente saudável e enriquecedora em todos os aspectos. Tive meus pais ao meu lado, meus irmãos, amigos que me ensinaram muitas coisas e uma vida muito prazerosa, mesmo com as dificuldades financeiras que assolavam mais da metade do país naquela época. Infelizmente, nem todos tiveram as mesmas oportunidades que tive, e entendo, e espero que, mesmo sob essas condições, estas pessoas possam também ter criado outros tipos de memórias para que hoje possam recordar com alegria.

Mas como é para frente que se anda e sabemos muito bem que o tempo não para, afinal Cazuza já nos cantava em sua canção, que possamos fazer destas recordações momentos preciosos de nossos dias. Momentos que nos trazem a leveza que apenas a infância pode nos proporcionar e a certeza de um tempo que passava sem pressa de acontecer.

 
 
 

2 comentários


Karol Ribeiro
Karol Ribeiro
28 de fev. de 2021

Adorei o texto, Gus ! Como é bom lembrar de pequenos detalhes da nossa infância, né?! A saudade pega! 💜

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Denis Luizardo Barbosa
Denis Luizardo Barbosa
10 de fev. de 2021

Caiu um olho na minha lágrima. Quando se fala em memória e saudosismo os cancerianos são lembrados instantâneamente. Li uma vez, que nosso signo representa os guardiões das memórias. Amei teu texto !!!! ❤️

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